Lily - O Eco Silencioso da Descoberta

 

No instante em que a mulher abriu a porta, com um pequeno tesouro aninhado nos braços e um anel a cintilar no dedo, meu único desejo foi evaporar. A sensação de estar em um palco errado foi imediata — como se eu tivesse tropeçado em uma história que não me pertencia. Fiquei ali, à deriva, esboçando um sorriso que tentava ser educado, observando rostos pintados de felicidade, conversas leves como brisa e sorrisos que pareciam talhados demais na perfeição para serem verdade.

Conversei brevemente com Jimmy, o irmão caçula de Joe. Ele é como um raio de sol, loiro, com uma voz que acalma e um jeito gentil de tecer palavras. Ao contrário de Joe, Jimmy parecia mais ancorado, sereno. Tratou-me com uma educação quase espontânea, mas nossa troca foi um breve sopro.

Assim que meus olhos pescaram Joe no salão, toda aquela calma escorregou pelos meus dedos. Ele estava envolto em um círculo de pessoas, sorrindo, emanando um carisma que ofuscava. E isso doeu. Ele parecia feliz. Leve. Como se minha ausência não tivesse deixado nem um arranhão em seu peito. Uma pontada gelada me apertou o coração. Uma pergunta, um martelo constante: como ele conseguiu seguir em frente com essa facilidade aparente?

Disfarcei, inventei uma desculpa de indisposição — o que não era totalmente uma mentira — e escapei. A tal "virose" foi um manto perfeito para me afastar de tanta luz alheia.

A caminho da biblioteca da senhora Elisabeth, meus ouvidos captaram um murmúrio entre a supermodelo, que agora eu sabia se chamar Allyson, e Andrew. Ela havia se casado com ele. Ainda assim, a peça do quebra-cabeça não se encaixava. Por que Joe estava sozinho? Por que nunca estendeu a mão?

Não se alimenta a esperança de quem já está acostumado a ser deixado para trás. A confiança, quando se quebra, não estilhaça em ruído; ela se esfacela em silêncio, e cada caco invisível machuca mais fundo que o anterior.

Ao cruzar a porta da biblioteca, fui envolvida por uma calma quase mágica. O lugar parecia uma cápsula do tempo: perfeitamente orquestrado, silencioso, um feitiço. Sentei-me, permitindo que o ar preenchesse meus pulmões — até que a porta se abriu.

Quando a silhueta alta e elegante se desenhou no portal, não precisei de mais nada para saber quem era. Joe. Observava o ambiente com uma curiosidade quase infantil, como se aquele espaço fosse uma novidade para ele. Irritante. Insuportável como alguém pode parecer tão inteiro quando a gente está tão despedaçada.

Foram cinco ou seis meses, um tempo tão vasto que parei de contá-los, para não me afogar em mais frustrações. Quem faz isso?

Nesse hiato, meu restaurante floresceu, ganhando fama. Abri um ateliê de arte, transformei minha casa. Mantive-me ocupada o suficiente para não pensar nele. E quando, finalmente, quase consegui... ele reapareceu.

Ou melhor, eu reapareci. Ele estava na casa dos pais. Fui eu que me lancei naquele redemoinho.

Talvez ele tenha um motivo que se justifique. E, no fim das contas, ele não me deve explicações. Mas um telefonema. Um bilhete. Uma palavra. Como amigo, ao menos. E nada.

E o que me devora é isso: o silêncio.

Conversamos. Ou melhor, as palavras dançaram ao nosso redor. Eu estava tão atordoada que não consegui prender a atenção em cada frase, meu coração batia em um ritmo tão febril que era o único som que eu registrava. Será que ele sabe quem sou? Senti um nó me apertar a garganta, mal consegui mascarar. Murmurei qualquer coisa e escapei, ansiando pela liberdade. Quando ela finalmente chegou, soltei o ar que nem sabia que estava prendendo.

Em casa, mergulhei na banheira. A água, um abraço quente no início, já estava fria há horas. Meus dedos, enrugados como passas, minha pele, pálida como a lua. Mas eu não me importava. Queria apenas que a água levasse todas as lembranças ruins, que afogasse as frustrações que me habitavam.

Fechei os olhos. E então vieram, como fantasmas sussurrantes, as lembranças.

Eu era pequena. Tinha chegado da escola com o rosto molhado de lágrimas. Minha mãe me pegou no colo, seu abraço um refúgio:

— O que foi, Lily, princesa?

Esfregando os olhos inchados, contei que uma colega me chamara de “estupenda”. Eu pensava que era algo feio. Ela riu com uma doçura que aquecia a alma, seus olhos verdes cheios de luz:

— Estupenda é algo maravilhoso, filha. Significa que você é incrível.

Me senti tola, mas amada. Ela sempre me fazia sentir assim, mesmo quando eu me sentia menor que um grão de areia.

Mas nem todas as lembranças ou sonhos eram um abraço.

Lembro-me das brigas. Das vozes que se tornavam trovões. Coisas quebrando em pedaços.

— Pare com isso, Greyson! Vai acordar a nossa filha! — a voz suave da minha mãe implorava, uma melodia quebrada.

Mas ele não parava.

— Merda, Claire! Sempre a bebê! Não suporto mais isso! —

E então a porta batia com a força de um furacão. E a casa mergulhava em um silêncio pesado.

Eu saía do quarto e a encontrava ajoelhada no chão, seus soluços preenchendo o ar.

— Você acordou, princesa. Volte a dormir — ela dizia, tentando sorrir, me embalando enquanto cantava uma canção triste e doce ao mesmo tempo.

As cenas se repetem em meus sonhos. Pesadelos, na verdade.

Vick diz que minhas memórias estão voltando em pequenas ondas. Que talvez algo traumático tenha sido bloqueado por mim mesma, como um escudo. Que meu cérebro tentou me proteger. Mas agora, tudo ressurge em fragmentos dolorosos.

Sonhei com uma casa diferente. Com papel de parede envelhecido, como o da sala de visitas. E eu fugia para lá quando meus pais brigavam. Lembro-me do cheiro da minha mãe — frutas tropicais. Lembro-me de seus cabelos loiros, longos, ondulados. De sua aura melancólica, apesar do sorriso gentil que trazia.

Saí dos pensamentos quando a batida na porta me trouxe de volta.

— Lys, você está bem? — era a voz de Karen, um fio de preocupação.

Abri a porta.

— Kah? O que faz aqui? Que horas são?

— São seis da manhã. Queria te ver. Saber se está tudo bem com os negócios. Podemos conversar? Posso fazer algo por você?

Percebi que não comia desde o dia anterior. Assenti, a fome um sussurro.

— Parece ótimo.

— Então desça, vista-se. Te espero lá embaixo.

Olhei-me no espelho: pálida, olheiras profundas como crateras. Eu estava horrível. Tomar um banho parecia urgente, mas nada mudaria aquele vazio que eu carregava no peito.

A mesa estava posta, linda, como uma pintura. Karen havia feito tudo.

— Vamos comer enquanto está quente — ela disse, um sorriso delicado nos lábios.

— Obrigada, Kah.

— Lys... você está diferente. Distante. Desde que voltou da casa dos pais do Joe. Talvez ele tenha uma explicação. Talvez não. Mas você precisa cuidar de si. Me deixa te ajudar.

— A comida está divina, Kah. Mas isso é meu. Quero desvendá-lo sozinha.

— Você se fechou em seu próprio castelo. Só trabalha e sua casa está um turbilhão... isso não é você.

— E você? Se preocupa tanto comigo, mas nem me contou que estava grávida, casada com o Sam, e que tem um filho. Quando ia me contar? Não sou forte o bastante para ver sua felicidade? — Digo isso porque a mágoa me belisca, embora eu saiba que não devia ter atacado alguém que só quer meu bem. Mas a ferida já está aberta.

Vi as lágrimas rolarem dos olhos dela, pequenos riachos. Ela se levantou, deu dois passos hesitantes, mas voltou e apoiou as mãos sobre a mesa, buscando um ponto de apoio.

— Nunca quis esconder nada de você. Fui embora grávida de Kevin Foster. A família dele me ameaçou. Meus pais. Tive que sumir do mapa. Quando voltei pra ver meus pais, estava com quase oito meses. Sam me acompanhava. Dona Ana viu minha barriga e perguntou quem era o pai. Sam disse que era ele. Desde então, ele ficou. Nos casamos. Ele abraçou tudo.

— Você podia ter me contado. — Apesar do choque, sinto-me traída, mas ao mesmo tempo um véu de compreensão me cobre.

— Não, Lys. Você teria feito uma loucura. E eu não podia arriscar. Kevin quase chutou minha barriga. Eu tive medo.

— Eu teria atropelado o desgraçado — disse, a sinceridade mais crua que já proferi.

Ela tremia.

— Quando você tentou se apagar, eu estava com quatro meses. Eu estava lá quando caiu, fiquei apavorada com a ideia de perder você. E depois esse acidente que eu nem sei se foi acidente, fiquei com você quinze dias. Queria entrar no quarto quando você acordou, mas não consegui. Não estava pronta, estava com raiva de você apesar de te amar. E Sam achou melhor esperar. Mas... Lys, eu nunca senti tanta raiva como naquele dia.

— Por quê?

— Porque você se recusa a ver. Vê só o que quer. Não percebe o quanto machuca quem te ama. Você sofre, mas não se move para mudar.

— Me desculpe… — comecei a chorar, as lágrimas desabando como uma cachoeira — ...eu só não sei ser diferente. Não sei amar. Não sei ser feliz.

Ela me abraçou. Forte. E ficou. E, naquele momento, eu soube: eu não merecia, mas precisava dela. Precisava que alguém fincasse raízes ao meu lado.

Não sei quanto tempo se esticou, nem o que aconteceu, estou como um caracol recolhido em sua concha, dentro de mim mesma.

Eu não sabia o que fazer. Definitivamente, não sabia. Me sentei no chão do corredor e comecei a chorar, sem tentar conter — apenas deixando as lágrimas desenharem seus próprios caminhos.

Vislumbres da minha infância começaram a surgir, como névoa se dissipando: minha mãe me consolando de algo.

“Lys, você é uma menina forte.”

Mas agora ela se foi. E tudo em mim parece gelado.

Eu sabia que não adiantava mais chorar, mas também não queria aceitar a ideia de que ela morreu por acidente. Algo em mim gritava que havia um fio a mais. Algo ligado ao meu pai.

Mas então... por que me lembro dela sorrindo no parque?

— Lys, volta, por favor.

Senti alguém me abraçando forte. Era Karen. Apenas me encolhi ali, porque, naquele momento, tudo o que eu precisava era isso: alguém que me abraçasse, alguém que ficasse.

Ficamos ali. Eu e Karen. Acho que adormecemos no chão da cozinha, vencidas pelo dia.

Quando abri os olhos, percebi a luz do entardecer espreitando pela janela. Já era início de noite. Havia um cheiro bom no ar, algo como lasanha — e me dei conta de que estava deitada sobre o carpete da sala de refeições.

— Me desculpe. Você é pesada pra carregar — Karen disse, um sorriso gentil iluminando seu rosto. — Tomei a liberdade de arrumar tudo enquanto dormia.

— Obrigada…

— O Sam e a Susan vão vir me buscar. Não acho que hoje seja o melhor momento para você conhecer minha filha. Você parece cansada... E a pequena Sul tem energia de sobra para dar e vender.

— Tudo bem. A gente se vê outro dia. Talvez no parque, como quando éramos crianças. Você se lembra?

Ela me olhou de um jeito estranho, quase indecifrável. Depois sacudiu a cabeça levemente.

— A pergunta, Lys, é: você se lembra de verdade?

— Lembro de nós duas correndo pelo parque. Mas não de muita coisa além disso. Por que é estranho eu me lembrar disso?

— Porque você passou uns seis meses sem dizer uma palavra depois que... sua mãe partiu. Quando voltou a falar, parecia outra pessoa. Como se sua memória tivesse se tornado seletiva. Algumas coisas você lembrava... outras, simplesmente evaporaram. E nunca mais falamos sobre isso.

— O que mais você acha que eu esqueci?

— Não sei. Por que desenterrar isso agora, depois de tanto tempo? Meus pais sempre tentaram nos preservar. Você dormia lá em casa por dias, semanas. E, pra mim, era ótimo. Mas com o tempo, você foi se fechando em uma concha. E sempre se recusava a ouvir qualquer coisa sobre si mesma. Seu pai dizia que era para te proteger. E ninguém mais tocava no assunto.

— Karen... eu não consigo seguir em frente se não sei de onde vim. Não tenho família. Meus avós, meus tios, primos... existe alguém?

— Eu, sinceramente, não sei. Meus pais sempre disseram que vocês vieram “do nada”. Foram uma família exemplar por um tempo, mas minha mãe sempre achou a felicidade de vocês... peculiar. Nossas mães eram amigas, mas quase não falavam sobre o que se passava na sua casa. E depois que sua mãe partiu, tudo ficou em um silêncio sepulcral.

Comecei a andar de um lado para o outro, a mente um turbilhão.

— Como pode alguém viver pensando apenas no futuro? Como se o passado não pesasse? Não é possível ser feliz assim. Quem foram meus pais, porque eu não tenho essa resposta?

— Lys, eu entendo seu medo do passado. Mas também entendo que você não sabe como prosseguir sem ele.

Ela me puxou para um abraço. E foi reconfortante, como um manto quente em um dia frio. Como pode alguém da minha idade ser tão protetora quanto uma mãe?

— Não pense demais. Algumas coisas precisam de tempo para serem digeridas. Não apresse o tempo.

— Eu não consigo. Eu não tenho identidade.

— Você tem sim. Eu estou aqui. Vai ficar tudo bem.

Um carro buzinou do lado de fora, a chegada de Sam.

— Se acontecer qualquer coisa, me liga, tá? — ela disse, pegando suas coisas, mandando um beijo no ar. E saiu.

Fui até o antigo quarto dos meus pais. Pela primeira vez desde que meu pai também se foi. Sentia calafrios só de olhar para aquela porta, como se ela guardasse segredos congelados. Era culpa. Mas agora não mais, não posso viver assim, com a dúvida corroendo como veneno. Entendi, de algum modo, que algumas pessoas simplesmente não são fortes o suficiente.

Mas então, por que os sonhos em que meu pai era um espectro cruel para minha mãe? Por que as lembranças dele, sempre tão soturno depois da morte dela?

Olhei ao redor. Tudo perfeitamente arrumado, como se o tempo não tivesse passado. As paredes em um tom creme suave. Fui até o closet — todas as roupas dos dois ainda estavam lá, como memórias penduradas.

Sentei-me na cama. Me perguntei de que lado minha mãe dormia. Por que não tenho lembrança de estar com ela aqui?

Então, num lampejo, vi sua imagem. Sentada contra a cabeceira, a sombra da tristeza em seu rosto, chorando.

Por que chora, mamãe?

Quis tocá-la. Consolá-la. Ela não parecia feliz. Mas por que não me lembro?

Abri a gaveta do criado-mudo e só havia remédio e papéis soltos, como segredos dispersos. Vasculho as caixas do guarda-roupa, e meus dedos encontram um compartimento estranho, oco ao toque. Tento abrir e, quando ele cede, revela um caderno de capa de couro. Na contracapa, seu nome: Claire.

Meu coração disparou. Um diário. Algo dela. Parte de mim quis recuar, como se estivesse invadindo sua alma. Mas a outra parte... precisava saber.

Abri. As páginas eram amareladas, o tempo as havia beijado, dando-lhes uma aparência antiga.

Maio de 2004

“Não aguento mais. Não existe dor maior do que fingir ser feliz quando não se é. Harryson, você é um monstro. Como pode fazer isso comigo? Com nossa filha? Ele me deu três meses. Que tipo de homem faz isso? De todos os sentimentos que já tive por ele, o ódio é o mais forte. Não posso fazer nada agora... mas a vida se encarregará disso.”

Eles não se amavam. E parece que nunca se amaram.

O homem que eu lembro olhando minha mãe com ternura... era ele mesmo?

As frases eram curtas, quase cifradas, como se ela desconfiasse que ele poderia encontrar e ler. E talvez ele tenha encontrado. Talvez por isso tudo tenha se desfeito.

Continuei folheando, com os dedos tremendo. Até chegar a um trecho mais antigo:

Julho de 1995

"Parece bobo dizer isso, mas hoje Gideon me beijou. Eu o amo. Meus pais não aprovam. Nos encontramos no bosque, perto do riacho. Foi mágico. Vou trabalhar na joalheria dos Davison neste verão. Preciso de dinheiro. Dizem que o filho deles, Ray, é muito bonito, mas duvido que mais do que meu Gideon."

G & C eternos.

Gideon. Quem era ele? Nunca ouvi falar.

E se ela o amava... por que casou com meu pai?

Procurei mais. Um trecho dois meses depois, uma nuvem sobre o sol:

Setembro de 1995

"Eu não o amo. Nunca amarei. Estou encrencada. A família Davison me acusou de roubar um colar milionário. Eu juro que não fui eu. Mas Ray disse que resolveria tudo se eu me casasse com ele. Meus pais aceitaram. Não querem uma filha ladra. Eu fui vendida. Eles sabem que eu amo Gideon. Eu prefiro morrer."

"Até os confins do mundo, sempre eu e você. G & C."

Uma carta caiu do diário, como uma pétala de outono. Não era da minha mãe — a caligrafia era firme e elegante:

"Não sei o que te fez mudar de ideia sobre fugir. Seríamos felizes juntos. Simples, mas felizes. Claire, eu te amo. Você dizia que nosso amor era mais forte que o universo. Não acredito que deixou de me amar. Não sei o que aconteceu, mas vou descobrir. Para sempre seu, Gideon."

A carta não tinha data. Mas agora eu sabia: minha mãe não escolheu meu pai. Foi forçada. Chantageada.

E meu pai… quem era ele, de verdade? Um mistério sombrio.

Fechei o diário, com as mãos trêmulas como folhas. Levei-o comigo até a sala. Fiz um chá, me enrolei no cobertor, me aninhei no sofá, buscando calor em meio ao frio da descoberta.

Lá fora, um carro parou, as luzes cortando o breu. Alguém desceu e veio em direção à minha porta. Não acendi as luzes. Só a escuridão da noite e o coração em disparada.

A campainha tocou, um som que me tirou do transe.

E quando abri a porta…

Ele estava lá.

Em pé, com flores nas mãos. Arrumado. Lindo.

E por mais estranha que minha vida fosse... naquele instante, apesar da confusão, da dor, da memória fragmentada — me permiti sentir.

Porque há pessoas tão perdidas quanto a gente.

E, por hoje, só por hoje…

Quero ser uma garota normal.

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